Nos meus tempos de menina (ok, no século passado…) tive a oportunidade de ter diversas bonecas. Mas nada me encantou tanto como quando minha mãe me presenteou com uma Susi (para vocês que são bem jovens, ela é a versão tupiniquim da Barbie). Originalmente ela vinha com um chemisier xadrez laranja, ou azul e branco com dois pequenos botões pregados verticalmente quase na barra, uma faixa na cintura e cabelo gatinho. Uma versão da dona de casa brasileira do final da década de sessenta. Com o tempo, é claro que esse modelito foi ficando ultrapassado e eu queria outras roupinhas, digamos, um guarda-roupa básico com peças coringa. Mas custava caro, muuuuuito caro. Minha tia-avó encontrou a solução: a cada seis meses ela me dava de presente uma cartela com acessórios (sapatos – que desapareciam misteriosamente como meias na máquina de lavar, cintos, chapéus, etc.) e toda quinta-feira ela me trazia uma roupinha feita artesanalmente. Não era bem o que eu queria, mas quebrava o galho. Se bem que meus modelos eram exclusivos e eu queria mesmo os vestidinhos que minhas amigas tinham. Meu avô fez para mim um armário para que eu pudesse guardar essas preciosidades, com quatro gavetas e cabides. Assim, eu brincava feliz. Até o dia em que, passando por uma vitrine, vi uma cartela com um VESTIDO DE NOIVA!
Lembro que era maravilhoso! Com gola alta, renda e mangas compridas. Tinha até luvinhas e buquê! O véu, um capítulo à parte, deslizava pela mesa enquanto eu treinava a entrada na igreja.
O tempo passou… Minha filha ganhou uma Barbie básica, depois uma Barbie bailarina, mais para frente uma Barbie dentista e finalmente, uma Barbie NOIVA!
Na verdade, todas nós brincamos de boneca e através delas sonhamos e realizamos nossos sonhos. As bonecas são quase que projeção dos nossos desejos. E toda menina anseia por uma boneca vestida de NOIVA!
Ah! Enquanto estou escrevendo, minha filha (que fez ballet clássico e se formou em odontologia) já deve ter atendido seu último paciente de hoje e deve estar a caminho de casa para preparar o jantar de seu marido. E o armário já está com a quinta menina.
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